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Universidades medievais, exames e organização

  • Foto do escritor: InfoBlog de JD
    InfoBlog de JD
  • 11 de jul. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 12 de out. de 2021

Um artigo original de 'Repensando a Idade Média',


Encontro de doutores da universidade de Paris, manuscrito do século XIV.

Universidades medievais, exames e organização nas primeiras universidades no ocidente medieval:


Organização


Foi Durante o século XIII, quando houve estabilidade após as revoltas universitárias de 1229, que as universidades se estabeleceram de forma mais típica, tanto a administração como o corpo de profissionais. O que restaria agora seria a organização dos estudos. Foi então definido a duração dos cursos, os programas, condições dos exames e tempo.

Quanto a idade dos estudantes e duração dos estudos não se tem muita precisão por causa das discrepâncias que variaram de datas e lugares. Mas vale lembrar que as universidades medievais não eram apenas instituições de ensino superior, havia o que chamamos de ensino primário e secundário, com foco em aprendizado na gramática e escrita.

Mas de forma generalizada e a grosso modo falando pode se dizer que o ensino básico - aquele das artes- duraria cerca de seis anos para os alunos entre 14 e 20 anos, segundo o que prescreve o estatuto de Robert de Courson. Era feito em duas etapas: O diploma secundário (baccalaureat) que durava em média dois anos, e o doutoramento (doctorat), no fim dos estudos.

Medicina e direito eram cursos mais avançados, que eram a partir dos 20/25 anos de idade conseguinte.

Os estatutos das faculdades de medicina de Paris prescrevem seis anos de curso para obtenção da licença ou doutoramento - uma vez obtido o mestrado em artes.

A teologia era o mais longo, os estatutos de Robert de Courson exigem oito anos de estudo e idade mínima de 35 anos para se obter o doutoramento.

Para ser mais específico o tempo de formação de um teólogo poderia durar entre quinze e dezesseis anos: Simples ouvinte durante os seis primeiros anos, o aluno deveria cumprir os estágios a seguir: explicar a bíblia durante quatro anos, as sentenças de Pierre Lombard por dois anos.


"Liber eticorum des Henricus de Alemannia" Alunos da universidade de Bolonha, manuscrito Italiano da segunda metade do século XIV.

Exames


Depois dos exercícios universitários que consistia em comentários de textos e resumos, era regulamentado os exames. Aqui também não se tem uma exatidão, pois cada universidade tinha uma diferença que variava da data também.

Mas temos aqui dois dados escolares típicos, o jurista bolonhês e o artista parisiense.

O doutor bolonhês obtinha seu grau em duas etapas, que seria o exame propriamente dito (exame privatum) e o exame público (conventos publicus, doctoratus) que era algo parecido com uma cerimônia.

Antes de fazer o exame privado o candidato era apresentado pelo 'consiliarus' de sua nação ao reitor, que fazia ali juramentos que não iria tentar suborno e respeitaria as normas. E uma semana antes do exame seu mestre o apresentava ao arcediago, onde mostraria sua capacidade de fazer a prova.

Já no dia da prova, o candidato participaria da missa do espírito santo, e após isso tinha que comparecer diante do colégio dos doutores, é um lhe daria uma passagem para fazer o comentário. O candidato ia pra casa para preparar o comentário que entregaria no fim do dia em local público (geralmente na catedral), diante de um júri de doutores, onde estaria também o arcediago. Depois de apresentar o comentário, ele respondia uma sequência de perguntas que os doutores faziam, logo após eles se retiravam e faziam a votação. Quando se chegava a uma decisão por maioria, o arcediago dava o resultado.

Após isso o candidato tinha o licenciamento, mas não receberia ainda o título de doutor e não podia ensinar como mestre a não ser depois do exame público. Lá na catedral o licenciado fazia um discurso e Lia uma tese sobre qualquer ponto de direito, que se defendia contra estudantes que o contradiziam, desempenhando assim o papel de mestre em uma disputa universitária. O arcediago o concedia a licença para ensinar e lhe entregava as insígnias de sua função: Uma cátedra, um livro aberto, um anel de ouro e a boina ou barrete.


Já o artista parisiense era exigido um grau preliminar, é provável que fosse Depois do primeiro exame: a 'Determinatio', que tornava o estudante um bacharel. Esse exame era precedido por duas etapas que era uma espécie de exame prévio. Antes de tudo o candidato, teria que sustentar um debate com um mestre durante as 'responsiones', realizadas no mês de dezembro, e na quaresma teria lugar o exame. Se ele fez a prova com sucesso, seria admitido ao 'examen determinatium ou baccalariandorum, no qual tinha que provar que satisfazia às prescrições dos estatutos e manifestar, através de suas respostas às questões de um júri de mestres, que conhecia os autores inscritos em seu programa. Após passar por essa etapa, chegava à 'determinatio': durante a quaresma, ele dava uma série de cursos em que devia mostrar sua capacidade de prosseguir na carreira universitaria.

A segunda etapa seria o exame que o levaria a licença e ao doutoramento. Aqui, mais uma vez, várias fases. A mais importante implicava em uma série de comentários e respostas a perguntas feitas por um júri de quatro mestres, presidido pelo chanceler.


O candidato aprovado recebia solenemente, alguns dias depois, a licença das mãos do chanceler, durante uma cerimônia. Por volta de seis meses mais tarde é que ele se tornava Doutor, em uma inceptio [iniciação], correspondente ao conventos bolonhês.

No dia da Inceptio, ele dava sua aula inaugural em presença da faculdade e recebia as insígnias de sua graduação.


O ensino da Teologia foi fortemente limitado em finais do século XIII. Aqui mostro um excerto de "A Universidade portuguesa e as universidades europeias", de José Mattoso. Foi originalmente publicado em "História da Universidade em Portugal" e republicado em "Naquele Tempo", de onde retirei este excerto

~Ronei


Fontes bibliograficas:


Jacques Lê Goff - os intelectuais na idade média.

S. Stelling-Michaud - A história das universidades da idade média à renascença.

A.L. Gabriel - Sumário Bibliográfico da história das universidades da Grã Bretanha e Irlanda até 1800.

S. Guéneé - Bibliografia da história das universidades francesas, das origens à revolução.


Teaching at Paris, in a late 14th-century

Diagrams, in a volume of treatises on natural science, philosophy, and mathematics. This 1300 manuscript is typical of the sort of book owned by medieval university students.

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