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Os dias da semana em português

  • Foto do escritor: InfoBlog de JD
    InfoBlog de JD
  • 8 de jun. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 12 de out. de 2021

Um artigo original de 'Repensando a Idade Média':


Os dias da semana em português: um legado de S. Martinho de Dume (século VI)


Uma curiosidade para os leitores do Repensando: a Língua Portuguesa é o único idioma latino em que os dias da semana não têm as antigas designações pagãs dos deuses romanos, mas antes nomes eclesiásticos. Essa mudança foi patrocinada por um dos mais importantes clérigos Bracarenses da Alta Idade Média, o Arcebispo Martinho de Dume, conversor dos Suevos, braço direito dos monarcas germânicos e Santo da Igreja Católica.


1º Concílio de Braga, corria o ano de 561 d.C. Convocado pelo rei Suevo Ariamiro, com o apoio do Papa João III

Essa mudança foi tornada oficial no 1º Concílio de Braga, corria o ano de 561 d.C. Convocado pelo rei Suevo Ariamiro, com o apoio do Papa João III, tendo o objectivo de lidar com as correntes heterodoxas do Cristianismo primitivo, declarando anátema sobre todos aqueles que acreditassem em doutrinas como a Priscilianista ou a Ariana, que se poderiam confundir com o Maniqueísmo até nos trabalhos teológicos do próprio santo (que tendia, como noutros textos do mesmo género, a misturar as várias “heresias” para os seus fins apologéticos).


Mas a decisão mais curiosa saída deste Concílio foi tomada pelo Arcebispo Martinho, considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos (Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies), decidindo então usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica), donde os modernos dias em Língua portuguesa (segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo) surgiram. Caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã.



Isto explica o facto de os mais antigos documentos redigidos em Português, fortemente influenciados por este latim eclesiástico, não terem qualquer vestígio da velha designação romana dos dias da semana, prova da forte acção desenvolvida por São Martinho e seus sucessores na substituição dos nomes. Martinho tentou também substituir os nomes dos planetas, mas aí já não foi tão bem sucedido, pelo que ainda hoje os chamamos pelos seus nomes clássicos pagãos. – Pedro Alves.

Fontes Bibliográficas:



COSTA, Avelino de Jesus – S. Martinho de Dume, (XIV Centenário da sua chegada à Península). Braga, Ed. Cenáculo, 1950.

Ferreiro, Alberto. “Braga and Tours: Some Observations on Gregory’s De virtutibus sancti Martini.” Journal of Early Christian Studies. 3 (1995), p. 195–210.

SOARES, Luís Ribeiro – A linhagem cultural de S. Martinho de Dume, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1997.

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