O Riso na idade média
- InfoBlog de JD
- 25 de jul. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de out. de 2021
Um artigo original de 'Repensando a Idade Média',

O Riso na idade média.
Embora seja espalhado nos tempos modernos que a idéia de que o Riso era proibido na idade média, talvez por mera influencia do 'O Nome da Rosa' de Umberto eco, ou talvez por um pouco também da influência de filósofos que propagavam uma certa idade média triste ou séria e devota. (Mikhail Bakhtin). Veremos hoje que a história não é bem assim.
O Riso sofreu, de alguma forma, uma tentativa de controle pela Igreja, a gargalhada era vista como diabólica, a Igreja separou o admissível do inadmissível, o riso Ruim e o bom, as ordens medicantes tentaram controlar o Riso após o século XII, mas não proibir.
São Francisco de Assis disse o seguinte:
"Nas tribulações, na presença daqueles que o atormentam, permaneçam sempre Hilari Vutu."
Hilari Vultu em Latim, significa um "rosto sorridente". Mas em casos exagerados, em que jovens membros perdiam o controle, era chamado a atenção pelo ministro que dizia: "São Francisco não quisera esse modelo Hilariante de santidade." Isso aconteceu em um mosteiro Franciscano em Oxford.
Tomás de Aquino e Alberto Magno, publicaram textos sobre a prática. São Luís IX optava por não rir às sextas feiras.
Mas vale lembrar que Jean Joinville retrata o próprio LUÍS IX, como um rei cômico (rex facetus) que além de alegre, contava várias piadas.
No meio social havia muitas piadas, que ganharam formas escritas desde o século VIII: "Joca monacorum" "Facetiae", etc.
Os homens comuns, quando estavam em grupo riam na medida que contavam contos fantásticos, tagaleravam entre si quando se encontravam ociosos, ou não estavam nos aposentos da esposa. Eram Histórias de reis, de cavaleiros e guerreiros com seus feitos, que em algum ponto encontra-se um motivo para risadas.
Para finalizar eu não deixaria de fora algumas piadas medievais que foram traduzidas do Facetiae de Poggio Bracciolini (1380-1459):

"Um frade, que era moderadamente atencioso, estava pregando para o povo de Tivoli, e trovejando contra o adultério, que ele retratou em cores do mais profundo corante. “É um pecado tão horrível”, disse ele, “que eu tenha desfazido dez virgens do que uma mulher casada!” Muitos, entre a congregação, teriam compartilhado sua preferência."
"Em Florença, uma jovem mulher, um tanto simplória, estava prestes a ganhar um bebê. Ela sofria de dores agudas há muito tempo, e a parteira, com a vela na mão, inspecionava sua área secreta, a fim de verificar se a criança estava chegando. “Olhe também do outro lado”, disse a pobre criatura, “meu marido às vezes toma esse caminho”.
"Várias pessoas conversavam em Florença e cada uma desejava algo que o fizesse feliz; tal é sempre o caso. Alguém gostaria de ser o papa, outro rei, um terceiro qualquer outra coisa, quando uma criança tagarela, que por acaso estava lá, dizia: “Eu gostaria de ser um melão”. “E por qual motivo?”, Perguntaram. "Porque todo mundo cheirava meu traseiro." Era comum para aqueles que querem comprar um melão para aplicar seus narizes embaixo."
"Um habitante de Gobbio, chamado Giovanni, um homem extremamente ciumento, atormentou seus cérebros por um meio de averiguar, sem sombra de dúvida, se sua esposa tinha intimidade com qualquer outro homem. Por um artifício profundamente amadurecido, digno de uma mente ciumenta, ele emaculou-se com as próprias mãos.
“Agora”, ele pensou, “se minha esposa ficar grávida, ela não poderá negar seu adultério”.
~ Ronei

Fontes:
Uma história cultural do Humor - cap. 3: O riso na idade média.
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